Júri condena a 18 anos de prisão assassino de jovem em calourada da UFPI

Thiago Mayson estuprou e matou a jovem Janaína Bezerra durante evento em janeiro deste ano; agravante de feminicídio não foi considerada pelo juri

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 18h16 - Publicado em 30 set 2023, 12h01

Thiago Mayson foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão pelo estupro e assassinato da jovem Janaína Bezerra, estudante de 22 anos, em janeiro deste ano, durante uma calourada na Universidade Federal do Piauí, em Teresina.

O resultado foi publicado na madrugada deste sábado (30), após mais de 20 horas de julgamento – ou seja, quase um dia inteiro de discussões e deliberações sobre o caso perante a justiça.

O júri decidiu pela condenação de Mayson por homicídio, estupro, vilipêndio de cadáver e fraude processual. A pena prevista pela acusação era de cerca de 70 anos de prisão. Por entender que seria necessária a acolhida pelos jurados da qualificadora de feminicídio, o que não aconteceu, a acusação pretende recorrer da decisão final da justiça.

A morte de Janaína chocou o país em janeiro de 2023. O estupro e assassinato da estudante de jornalismo aconteceram dentro de uma sala de estudo do curso de matemática da Universidade Federal do Piauí (UFPI), durante uma calourada – evento de integração entre alunos calouros (que ingressam na universidade) e veteranos (que já fazem parte da universidade).

Mayson alegou que se interessou por ela na calourada e que a convidou para uma sala dentro da universidade. Segundo ele, a jovem aceitou o convite e os dois mantiveram relação sexual consentida, mas que ela teria passado mal durante a relação sexual. Ele cursa mestrado em Matemática na mesma instituição.

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Mas e o feminicídio?

Feminicídio ocorre quando o assassinato também envolve questões de gênero, ou seja, a morte de uma mulher por sua condição de mulher. Sancionada em 2015, a Lei do Feminicídio prevê um agravante no crime de homicídio e, apesar de ser considerada um avanço ao prever penas mais duras, ela ainda enfrenta diversos obstáculos na sua aplicação. 

O flagra foi feito por um vigilante da UFPI, que viu Thiago sair da sala carregando o corpo da estudante, que estava com a roupa cheia de sangue. Segundo o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a morte foi causada por um trauma no pescoço.

Naquele momento, a Universidade Federal do Piauí reforçou que a calourada não é uma festa autorizada pela instituição e repudiou o acontecimento, dizendo que ele “agride cada uma das mulheres que integram a comunidade ufpiana”.

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A reitoria da UFPI ainda exigiu a punição do crime com o rigor da lei e se colocou à disposição das autoridades. “Falar por Janaína é não aceitar nenhum tipo de agressão contra mulheres, é trabalhar para que a luta contra essa violência resulte na mudança do cenário de cultura machista em que se baseiam tais atitudes.”

Em 2022, o Brasil teve recorde de feminicídios. E isso só no 1º semestre: foram registrados 699 casos, uma média de quatro mulheres mortas por dia, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Assim, o Brasil chega a um recorde desde 2019, quando houve 631 casos entre janeiro e junho daquele ano.

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