Você pode ajudar a frear o ‘efeito contágio’ de ataques em escolas
Precisamos discutir sobre como conter o radicalismo nas redes sociais e transformar a internet em um lugar mais seguro. Vamos todos juntos nessa missão?
Entre memes e redes de apoio, tem muita coisa bacana na internet. Mas é no meio digital também que violências como os ataques a escolas são celebrados e difundidos. Nesta semana, o governo federal anunciou que 756 perfis foram retirados de redes sociais por incitar o ódio. A medida faz parte de um pacote de ações para conter o que o ministro da Justiça, Flávio Dino, chamou de “epidemia de ataques nas escolas”.
É só o começo de uma longa discussão sobre como tornar o ambiente digital um lugar mais seguro e contribuir na luta contra a violência dentro e fora da internet. Separamos pontos importantes para você, jovem leitora e leitor, ficar por dentro e também ajudar nesse debate mais que necessário. Vamos lá!
O que é o ‘efeito contágio’
Desde que o jovem de 13 anos matou uma professora na escola da Vila Sônia, em São Paulo, no final de março, uma série de episódios semelhantes se espalhou em escolas do país. Especialistas alertam sobre o “efeito de contágio”. Acontece que imagens de ataques e mensagens dos autores divulgadas pela mídia ou pelos perpetradores em suas redes sociais viram peças de propaganda, inspirando outros adolescentes a cometerem crimes desse tipo.
O relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental” aponta que o uso do humor, por meio de memes nazistas e fascistas e discurso de ódio “irônicos”, é um outro método de cooptação muito usado. O objetivo é relativizar e normalizar as violências, encobrindo de “brincadeira”.
A pesquisa também mostrou que comunidades de jogos online como Roblox, Fortnite, Minecraf, principalmente no Youtube, tornaram-se um caminho para jovens terem contatos primeiro com discursos de ódio mascarados até serem levados para outros canais onde os discursos vão se tornando mais extremos.
A doutora em psicologia clínica pela USP Joana Vartanian explicou que é comum que crianças e adolescentes reproduzam ações de outras pessoas como uma espécie de espelho, já que suas identidades ainda estão em formação. “O jovem vê um comportamento que funciona e acaba imitando para atingir algum fim de ordem emocional, de acolhimento ou de valorização social”, disse em entrevista ao R7.
Quando o jovem apresenta déficit de habilidades emocionais ou de recursos emocionais” eles são ainda mais vulneráveis à exposição de conteúdos violentos e suscetíveis à reprodução desses comportamentos, alerta a psicóloga.
O que podemos fazer para conter o problema
Como já discutimos aqui na CAPRICHO, o problema dos ataques nas escolas vai além da questão da segurança pública. Ele envolve diversos aspectos psicológicos, políticos e sociais.
No estudo “Ataques de violência extrema em escolas no Brasil”, a professora Telma Vinha e a mestranda Cleo Garcia, da Faculdade de Educação da Unicamp, concluíram que a violência praticada por jovens é premeditada e motivada por raiva, vingança e envolvimento com grupos extremistas, principalmente na internet.
Telma, que é coordenadora do Grupo Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública, da universidade de Campinas, defende que a prevenção e o enfrentamento desse novo contexto passam pela articulação dos vários segmentos da sociedade.
As escolas, por exemplo, precisam exercer um papel importante na educação midiática e tecnológica da juventude. E isso significa ensinar além do uso das ferramentas digitais, mas preparar os jovens contra a desinformação e o radicalismo presentes nas redes sociais. A escuta e o diálogo dos professores com seus alunos, para saber o que eles estão sentindo, também é uma medida necessária.
Em entrevista ao site da Unicamp, a professora também fez algumas recomendações para a nossa galera. É claro que não vamos conseguir resolver tudo sozinhos, mas algumas ações farão muita diferença nesse contexto, viu? O primeiro conselho dado pela especialista é evitar fazer ameaças de brincadeira – “ainda mais num momento de crise como este que estamos vivendo”, né? Não tem graça e pode complicar as coisas.
Telma reforça para os estudante que autodefesa não é o caminho. Certo? “Muitos estão levando faca para a escola, num suposto movimento de defesa. Ou seja, não podemos aceitar arma na escola, porque isso seria [usar a] violência contra a violência”, explicou na reportagem da universidade.
Portanto, você, que ainda está no colégio, fique atento e informe aos professores e coordenadores se perceber que um colega de sala está agindo estranho e que precisa de ajuda.
Se receber mensagens, vídeos, fotos ou áudios com as ameaças, não compartilhe. É desse jeito que esse movimento de ódio vai ganhando força. Além disso, quem espalha essas mensagens também pode responder criminalmente por isso, viu?
Se souber de uma ameaça ou algum plano de ataque, você deve procurar as autoridades para fazer uma notificação. Entre as ações da Operação Escola Segura, comandada pelo Ministério da Justiça para lidar com essa onda de violência nas escola, foi lançado um canal no site para que sejam denunciados sites, blogs e publicações nas redes sociais. O site para denúncia é o http://www.mj.gov.br/escolasegura