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9 coisas que são tão terríveis para a natureza quanto canudos plásticos

Os canudinhos plásticos não são nem de longe os únicos vilões do meio ambiente, como muita gente faz parecer ou acredita.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 01h06 - Publicado em 20 nov 2019, 10h00

Do que adianta usar canudo de inox se o copo é de plástico? Essa é uma pergunta que sempre me faço quando vejo uma cena do tipo. A verdade é que de alguma coisa adianta, sim, e é por isso que não gosto da expressão “militantes de canudinho” – sem falar que ela desmerece militâncias importantíssimas! A pessoa podia estar usando um canudinho plástico e um corpo plástico, ou seja, seria duplamente terrível. Mas, ainda assim, é impossível negar que a cena me causa um certo desconforto, o mesmo desconforto que sinto as perceber que causas ambientais são transformadas em simples geradores de lucro, principalmente para grandes marcas e empresas.

KONTROLAB/Getty Images

A discussão envolvendo os canudos plásticos é extremamente interessante, necessária e abre várias portas. No Brasil, segundo uma pesquisa realizada em 2018 pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana em Copacabana, no Rio de Janeiro, os canudos contabilizam 8,9% do total do lixo plástico retirado no Estado. É muita coisa! No mundo, entretanto, os canudos representam cerca de 0,03% do lixo encontrado nos oceanos, de acordo com um levantamento realizado pela Bloomberg. Que alívio? Nada disso! Estima-se que 500 milhões de canudos plásticos sejam descartados diariamente só nos Estados Unidos. A questão é que usamos no nosso dia a dia coisas tão poluentes quanto eles e, às vezes, até mais, mas não damos tanta atenção.

Abaixo, listamos produtos que são terríveis para o meio ambiente e constituem algumas das principais ameaças dos mares, dos animais marinhos e do planeta no geral:

1. Bitucas de cigarro
A Ocean Conservancy garante que as bitucas são os principais tóxicos encontrados nos oceanos. Anualmente, mais de 5 trilhões de cigarros são produzidos e seus filtros são feitos de acetato de celulose, que vira microplástico quando entra em decomposição. Nos últimos 32 anos, as bitucas são o item poluente mais resgatado dos mares. Tão problemático quanto descartar as bitucas na areia é descartá-las nas ruas, pois elas acabam virando lixo tóxico de qualquer maneira.

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2. Garrafas PET
O segundo maior item poluente é a garrafinha de plástico. Além de seu descarte produzir lixo em grande quantidade, o uso repetitivo dela não é saudável para o ser humano, principalmente se a garrafa tiver sido exposta a altas temperaturas. Os tóxicos liberados pelo plásticos são cancerígenos e fazem mal para a nossa saúde. Pode incluir aqui itens como talheres, pratinhos e copos descartáveis, bastante utilizados em praias. Substitua-os por garrafas, talheres, pratos e copos reutilizáveis, de bambu ou inox, muito mais sustentáveis e saudáveis.

 

3. Sacolinhas (inclusive as “verdes”)
Representantes da FUNVERDE explicaram à CH que essas novas sacolinhas “verdes” distribuídas por supermercados são verdes apenas na cor, pois continuam sendo tão poluentes quanto as antigas brancas. O motivo? Nem tudo que é biodegradável é sustentável. No caso das sacolas, a justificativa é simples: elas continuam sendo sacolinhas plásticas, só que biodegradáveis. “Vão poluir se virarem lixo abandonado no meio ambiente, vão matar a vida selvagem e gerar microplásticos que já estão no ar que respiramos, na água que bebemos e nos nossos alimentos. E quase nunca serão recicladas! As sacolinhas que estão sendo vendidas são derivadas, em parte (51%), de polietileno derivado do etanol retirado da cana de açúcar. Esse polietileno não é biodegradável, nem o restante, 49%, que também é polietileno derivado de petróleo ou gás natural. A soma de polietilenos quimicamente idênticos, não biodegradáveis, não faz uma sacola ser biodegradável. Essas novas sacolas são quimicamente idênticas e não biodegradáveis quanto as anteriores. E o mais incrível é que a lei proíbe polietileno”, afirma o engenheiro Fernando Figueiredo, Presidente do Instituto IDEAIS. Ecobags são tudo!

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4. Cápsulas de café
Você sabia que cápsulas de café são 14X vezes mais nocivas que os filtros de café de papel? As informações são de Cláudia Teixeira, chefe do Centro de Tecnologias Geoambientais do IPT, que pesquisou sobre o assunto. O “comodismo diferenciado” está fazendo com que cada vez mais pessoas troquem os sustentáveis filtros de pano por cápsulas de plástico, em sua maioria – as feitas de metal são menos problemáticas, já que podem ser submetidas a programas de logística reversa de reciclagem. As cápsulas de café já são um dos lixos encontrados em maior quantidade nos aterros sanitários. Tanto é que a cidade de Hamburgo, na Alemanha, proibiu o uso de máquinas de cápsulas em meios corporativos. Nada como o bom e velha cafezinho filtrado…

MONICA SERRANO, NGM STAFF; MEG ROOSEVELT SOURCES: SMITHSONIAN INSTITUTION; ERIC HUDSON, PRESERVE.; LIBRARY OF CONGRESS/Reprodução

5. Escovas de dente

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Um levantamento realizado nas Ilhas Cocos, na Austrália, neste ano, mostra que 373 mil escovas de dente foram retiradas do mar durante os meses de estudo, realizado pela Universidade da Tasmânia. “A poluição dos plásticos é hoje omnipresente nos oceanos e estas ilhas remotas são o sítio ideal para observarmos de forma objetiva o volume de partículas que há a circular no globo”, relata Jannifer Lavers, autora do estudo. Uma das soluções seria substituir as escovas de plástico descartáveis pelas elétricas ou, melhor ainda, pelas de bambu. Estas, contudo, ainda não são tão acessíveis, nem no questiono praticidade de compra nem no preço.

6. Hastes flexíveis
Bastante parecido com o que acontece com os canudinhos, as hastes flexíveis de plástico, conhecidas popularmente como cotonetes, são poluentes em potencial e ameaças para animais, como aves marinhas e tartarugas. Os cotonetes descartados no lixo param em aterros e são pouco reciclados. Muita gente ainda descarta nos vasos sanitários. Esses vão parar nos rios e mares. Com o processo de oxidação, as hastes se quebram e se transformam em microplásticos, que são consumidos por animais, que são consumidos por humanos. Aqueles plásticos que não são consumidos pelos bichos podem ainda acabar sufocando-os.

 

7. Pirulitos

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Quando não são feitos de papel, viram ameaças, pois não deixam de ser hastes de plástico. Basta dar uma simples caminhada à beira mar para notar a quantidade enorme de “pauzinhos” de pirulitos que vêm com a maré, são depositados na areia e depois retornam para o mar com a maré novamente. É um ciclo sem fim.

8. Absorventes descartáveis
Estima-se que, anualmente, uma mulher brasileira produza 3kg de lixo menstrual. São cerca de 130kg produzidos durante sua vida fértil! Coletores menstruais e calcinhas absorventes são alternativas que, além de mais sustentáveis, são mais econômicas a longo prazo que os absorventes descartáveis. Mas como exigir tais preocupações em uma país onde a pobreza menstrual ainda é extrema? Delicado demais… Sem contar que alguns banheiros públicos disponibilizam embalagens para a mulher colocar o absorvente antes de jogá-lo na lixeira. Do que elas são feitas? Exatamente, de plástico.

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9. Lâminas de depilação
Os aparelhos descartáveis são feitos de plástico e constituem um dos grandes poluentes do planeta. São quase 2 milhões de aparelhos jogados fora anualmente só nos Estados Unidos! As comunidades de #LixoZero aconselham que a gente novamente volte no tempo, como no caso do filtro de café, e utilize lâminas não descartáveis. Elas podem ser menos cômodas à princípio, mas são bem mais sustentáveis e econômicas a longo prazo.

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